segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Uma carta de desamor

        Outro dia eu estava assistindo uma entrevista de uma escritora, fiquei encantada com a história de vida dela, da iniciativa de vida que ela teve, Stella Florence contando que era Secretária Executiva e que derrepente largou tudo para escrever seus livros , mesmo nunca ter escrito nada, como ela tinha vontade resolveu arriscar ,e ainda disse que foi a melhor coisa que fez na vida.
        Entretanto  estou assim querendo me mudar, mas ao mesmo tempo medo do que me espera no futuro, embora eu saiba que não adianta ficar preocupada com o que virá, o que tiver que acontecer vai acontecer e pronto...(quando eu disse ME mudar , disse no sentido literário de mudar de país , mas tambem com um pouco de mudar internamente, depois do casamento me estacionei em uma zona de conforto, me fechei. E agora estou com medo do que me espera ao voltar para o Brasil, voltar a viver naquela vidinha em que todos querem se meter na vida de todo mundo, enfim, faz parte)
 
        Mas, voltando ao assunto da escritora...
Depois fui pesquisar algumas crônicas que ela tenha feito e me impressionei com o que li...Então sempre que eu tiver oportunidade vou postar algumas coisas aqui...
 
***Ps: primeiro vou postar este, porque depois da  conversa com a minha grande amiga  Ivone , fui ler este texto e digamos que à identifiquei nas entrelinhas...espero que ela goste.
 
 
***
 
                                             
Me desculpe por eu ter tomado a iniciativa. Me desculpe por ter almoçado com você tantas vezes. Me desculpe por ter ligado.

Me desculpe pela chuva que tomamos subindo a Augusta. Me desculpe por ter acreditado nos seus torpedos. Me desculpe por ter rido das suas piadas.

Me desculpe pelos machucados que sua ex deixou em você. Me desculpe por eu ter vindo logo atrás dela. Me desculpe por tentar entender seu silêncio.

Me desculpe por ter dito “sim”. Me desculpe por ter gemido. Me desculpe por eu ter gozado.

Me desculpe pelo que foi ruim. Me desculpe pelo que foi bom. Me desculpe por eu ter subestimado o que foi ruim e superestimado o que foi bom.

Me desculpe por eu não ter usado máscara. Me desculpe por querer mais. Me desculpe por supor que você também quisesse mais.

Me desculpe por eu ter tirado a roupa. Me desculpe por eu ter mostrado meu corpo. Me desculpe pela cinta-liga que eu comprei só para você.

Me desculpe por, em algum momento, eu ter te amado. Me desculpe por, em algum momento, eu ter te achado bonito. Me desculpe por, em algum momento, eu ter acreditado que você era o homem da minha vida.

Me desculpe pelos seus erros de português. Me desculpe pelos erros de português da sua nova namorada. Me desculpe pela sua nova namorada achar que margaridas são flores menos nobres.

Me desculpe pelos 130 km de congestionamento que eu atravessei para te ver. Me desculpe pela barata que eu tive de matar na sua cozinha. Me desculpe por eu ter permitido que você deixasse a TV ligada no jogo do Palmeiras enquanto nós transávamos.

Me desculpe por eu ter acreditado que você compreendia meu olhar. Me desculpe por eu ter dito coisas lindas para você. Me desculpe por você não ter entendido um terço do que eu disse.

Mas, sobretudo, me desculpe por pedir essas ridículas, inúteis e dolorosas desculpas. Que, naturalmente, não são para você: são para mim. Afinal, porcos não reconhecem pérolas.
 
 
 
 
(Obs.: Este texto faz parte do livro "Os Indecentes - crônicas sobre amor e sexo")







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